domingo, 19 de outubro de 2014

JANS: PAIXÃO PELAS COISAS E ARTES DA NATUREZA

Porquê JANS? Porquê coroado 
por uma rosa?


Nas terras do Norte Alentejano, na Barca da Amieira encontra-se hoje 
a Herdade das Jans. 
Conta a lenda que a barca da Amieira que costumava transportar os passageiros para a margem esquerda do Tejo, terá transportado, também, o corpo da Rainha Santa Isabel, mulher de D. Diniz, conhecida pelo milagre das rosas.
Falecida em Estremoz e sepultada em Coimbra, ela terá sido conduzida 
pelo caminho que ia desde a Amieira até à margem do Tejo, nessa barca, trajando um vestido de linho fino tecido pelas JANS - nome dado às mulheres invisíveis que fiavam um linho muito fino e sem nós. Outra lenda da região conta que, quem quisesse uma peça tecida por estas fadas, teria de deixar de noite o linho e um 
bolo de farinha de trigo a cozer na lareira
Terminado o trabalho, estas desapareciam misteriosamente, 
levando consigo o bolo e deixando a peça tecida.



O Alentejo pelo seu espaço aberto, pela traça da arquitectura rural presente nos montes das grandes herdades, no casario mais antigo das cidades, vilas e aldeias, não deixa de nos encantar, umas vezes pelo silêncio, paz e sentido de liberdade que proporciona, outras, pelos menires e refiro-me ao espaço, para mim, místico do Cromeleque dos Almendres quando a luz rasante atravessa o montado e bate nas pedras milenares emprestando-lhe uma transcendência que nos bate fundo.
Mas para além dos sobreiros e das oliveiras, também é terra de pastoreio, de culturas, como o milho e centeio e, hoje, de hectares e hectares de vinhas 
que dão notáveis vinhos O azeite também é esplêndido.

A diversidade é grande e JANS traduz uma paixão pelas "coisas" e pelas "artes da natureza", que ISILDA PELICANO, designer de moda, quis traduzir através de um conceito transversal onde a Herdade da Jans será o núcleo de uma exploração agrícola/florestal, uma unidade de Turismo, em espaço Rural, onde se desenvolverão produtos tradicionais, desde os têxteis com bordados de Nisa, à cortiça, cerâmica e também produtos tradicionais gourmet. 

Uma aposta no design, na qualidade, na inovação, sem perder a ligação à terra está na génese da marca: Passion for nature.

Como montra dos produtos, Isilda escolhe um antigo armazem  no Bairro Alto e torna-o numa montra sofisticada destes novos produtos artesanais, onde ela própria e os designers formados pelo IADE - Instituto de Arte, Design e Empresa, (sua antiga Escola) terão possibilidade de expor. A parceria alarga-se ao Museu do Bordado e do Barro de Nisa, e assim nasce mais um diálogo, vivo e criativo entre as artesãs locais com o seu saber ancestral de artes aplicadas que Isilda Pelicano 
recria com grande modernidade




Corpete de feltro, criação de Isilda Pelicano


Saia de feltro bordada, criação Isilda Pelicano

A criação de peças de cortiça , de design contemporâneo, fazem parte da aposta deste projecto bem como são também convidados artistas cerâmicos, consagrados ou emergentes, para a criação de colecções que recriem a tradição oleira do Alentejo, mas agora em novos moldes e padrões com modernidade


Um solitário de cortiça que mais parece um seixo rolado, do designer João Seco


Peças de cerâmica permanecem uma fonte de inspiração ao longo dos tempos


                           

Outras peças de, cerâmica, em cima e em baixo, de autoria de 
José Machado Pires




Finalmente falando de ARTE APLICADA

As aplicações em feltro, típicas de Nisa, são uma das mais antigas formas de bordar, associada aos centros produtores de lã, Nisa sofre esta influência, já que a venda de lã e de baeta, vinda dessa zona, era prática antiga nos mercados.
Pode ser feita à mão mas também é comum utilizar-se a máquina de costura para a
sua confecção: Colocam-se várias peças de feltro sobrepostas, em papel vegetal, onde se encontra o desenho, recorta-se cuidadosamente o tecido à volta do ponto e obtém-se uma peça em relevo.



Painéis decorativos, com o recorte e o bordado de Nisa, em relevo



Peças de vestuário, Isilda Pelicano, com aplicações, ora numa manga, ora numa gola, ora numa bainha do bordado de Nisa.

Mas nada como uma ida à Rua da Rosa, 212, no Bairro Alto, para por lá se perder a admirar todos os pormenores. Há peças, como o balcão de atendimento e outros que são expositores forrados a feltro preto, milimetricamente recortado, lustres, cujos abat-jours  obedecem à mesma filosofia, sacos/mala, capas para cadernos e toda uma panóplia de acessórios que são para ver tocar e comprar.
Não irá lá faltar um cantinho "gourmet" -com tudo o que há de melhor na região - e que colocadas em embalagens artesanais, tornam-se peças únicas, que se traduzem em excelentes ofertas 

Fotos Hugo Grilo

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