terça-feira, 1 de março de 2011

BAIRRO ALTO: NOVO TEATRO, CINEMA E MÚSICA

EXCITAÇÃO E EXPECTATIVA


AFINAL ESTAMOS NO MÊS DO TEATRO!
 ...A nave central está quase pronta. A bancada reversível, para 80 pessoas, está finalmente no seu lugar, depois de nove meses de manobras no edifício onde até 1991 estiveram instaladas as rotativas do "Diário Popular". "Ando nisto há 40 anos. Para nós é mais uma obra, para eles é que é o primeiro teatro", pragamatiza o senhor Vilarinho,  mestre de obras, deste novo espaço.
 "Já fizemos muito teatro, agora ver nascer um teatro... É um sonho realizado e tive o prazer de fazer parte dele." Cassiano Carneiro, actor brasileiro a viver em Portugal, vagueia entre o espaço reservado à bilheteira e a rampa de acesso ao "foyeur", para registar em vídeo os últimos preparativos antes de os camarotes montados aumentarem a lotação para 110.
O espaço foi pensado mais para uma programação digna de cocktail em recipiente de vidro... A agenda quer ser ecléctica tanto quanto possível, com direito a teatro, cinema alheado do "mainstream" pipoqueiro e, ainda, música. Uma espécie de "open space" para servir parceiros como o saudoso BLeza, a Mesa de Frades e o seu cheiro de Alfama e o jazz do malogrado Hot Clube.

"É uma espécie de caixa mágica com uma instalação viva, que são os próprios actores. Queríamos ter aqui uma cortina vermelha mas o promotor queria manter esse mesmo carácter neutro da sala." Caiu o pano para o arquitecto Alberto de Souza Oliveira, ganhou-se um pouso fixo para a produtora e companhia de teatro Ar de Filmes, que distribui "O Filme do Desassossego", de João Botelho, e que há sete anos procurava uma âncora. "Desenvolver o trabalho artístico com um espaço físico é completamente diferente de ser itinerante. Além disso, o circuito comercial de cinema não nos satisfaz para os produtos que pretendemos. É como ir ao Gambrinus e pedir um hambúrguer", comenta Alexandre Oliveira.

O engenheiro Gonçalves Pereira, proprietário da Interpress e "determinante" no avançar do projecto, não foi em cantigas de fast food: "Aguardava uma proposta que fosse interessante culturalmente para o espaço e permitisse o seu licenciamento."
Transigiu num aluguer de longa duração e tornou-se parceiro do investimento, que ronda os 450 mil euros e conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Fundação Calouste Gulbenkian.
"É óptimo ser aqui. A entrada dos artistas é porta com porta com o conservatório do nosso tempo. Se há algum bairro que seja o dos artistas, é este. Às vezes não é preciso estar a inventar outros sítios. Em vez de ser uma garagem ou um condomínio de luxo, serve de teatro. Para nós é muito comovente."
António Pires encena a peça que marca o arranque, depois do "preview" no Barreiro, em Novembro, e de uma série de ensaios num cenário poeirento....
Estarão os tempos para brincar aos teatros? Nem por isso, mas a empreitada é séria e, convenhamos, depois da primeira pedra, lembra o produtor, só há caminho para a frente: "Todos os fins-de-semana circulam pelo bairro 150 mil pessoas. Queremos que apareçam mais coisas. Quando avançámos as condições eram outras. Nesta altura de crise somos loucos, mas agora não temos alternativa!"

Nesta fase, o teatro funcionará apenas segundo a agenda reservada aos serões, mas aos domingos há programação infantil e juvenil, de manhã e de tarde. A casa já está cheia para a apresentação da peça "Vida de Artista" mas claro que ninguém irá directo para a cama quando o famoso balcão recolher. A partir das 23h00 apareça para a festa noite dentro no número 63 da Rua Luz Soriano, onde há lugar para todos, mesmo para aqueles que "nunca têm tempo para ir ver peças". Presença mais que confirmada entre os convidados na quinta-feira.
BOA SORTE!

(Extraído, cortado e adaptado do texto de Maria Ramos Silva do jornal I online, 1 de Março 2011)

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